Feridas emocionais podem doer mais do que as feridas físicas

padrao

Feridas emocionais doem. Mas por que será que quando passamos por um grave estresse emocional, dificilmente alguém pergunta se estamos bem ou se precisamos de ajuda? 

A dor causada pelas feridas emocionais não se manifesta de forma física. 

Por isso nós também não temos a mesma compaixão ou preocupação por alguém  que esteja sofrendo emocionalmente, do que temos por aquela pessoa que quebrou a perna e está usando muletas ou cadeira de rodas, porque está impossibilitada de andar.

Mas quando sentimos uma dor emocional, são ativadas no nosso cérebro as mesmas áreas de quando sentimos uma dor física.

Apesar disso, em todas as partes do mundo há gente sendo treinada diariamente em primeiros socorros para atender quem acabou de sofrer um acidente. Porém, se uma pessoa estiver sentindo uma dor emocional, poucos serão aqueles que saberão a socorrer. 

É muito menos fácil ajudar uma pessoa com um ataque de pânico do que uma que acabou de ser atropelada.

Não quer dizer que uma ferida seja menos importante do que a outra, mas é um desafio ser igualmente aberto e compassivo quanto às nossas feridas emocionais.

O que pode ajudar nesse sentido é sabermos diferenciar e lidar com esse tipo de ferida. E para isso devemos estar atentos a alguns pontos importantes:

O primeiro deles diz respeito à VISIBILIDADE da dor emocional. 

Mesmo que você não esteja vendo a ferida, não significa que ela não exista e que não esteja doendo. Ou seja, podemos não ver nenhum arranhão, mas isso não quer dizer que ou outro não esteja sofrendo profundamente.

Muitas vezes respondemos com empatia aos sinais visíveis. Mas, quando a dor é emocional, a pessoa geralmente a experimenta de forma solitária. 

E não necessariamente ela faz isso por escolha própria. É que, ao ser considerada “mal-humorada” ou “difícil”, ela fatalmente acaba sendo isolada pelos colegas. 

Por isso devemos ter também COMPAIXÃO por quem está passando pela dor emocional.

Quando temos a consciência de que todos nós temos nossas feridas, em lugar de etiquetar a pessoa como “estraga-prazeres” fica mais fácil imaginar que ela talvez esteja apenas se esforçando para lidar com sua própria luta interna. Assim como todo mundo.

Finalmente, devemos refletir sobre o IMPACTO A LONGO PRAZO da ferida emocional.

Isso significa pensar sobre a cicatriz que pode ficar por toda a vida do outro ser humano. 

A lesão física pode causar uma cicatriz, mas essa ferida geralmente tem uma data de recuperação. 

Por outro lado, se não for devidamente tratada a ferida emocional pode crescer e não desaparecer com o tempo, levando a outros problemas como ansiedade, baixa autoestima, depressão e problemas de saúde mental no futuro.

Há ainda situações em que as feridas físicas e emocionais andam de mãos dadas. 

É quando lesão física pode ser traumática e perpetuar a lesão emocional e vice-versa.

Por isso eu te convido a parar e pensar um pouco sobre a sua saúde emocional e se cuidar. Da mesma forma que existem bons médicos para tratar da saúde física, existem excelentes profissionais também para lidar com feridas emocionais. Busque ajuda. 

Luíza Lopes é Diretora do Indesp.