E se a gente pudesse amenizar a agressividade, diminuir os conflitos, neutralizar a tensão e criar harmonia nos nossos relacionamentos? E se soubéssemos falar de um jeito que não machucasse tanto?
Marshall Rosenberg, escritor e psicólogo norte americano, estruturou uma forma de comunicar que tem ajudado inúmeras pessoas ao redor do mundo. É a Comunicação Não Violenta, ou simplesmente CNV.
Na CNV aprendemos a falar nossas verdades mais profundas, abordar nossas necessidades e emoções não reconhecidas e respeitar essas mesmas preocupações nos outros de forma harmônica e eficaz.
A Comunicação Não Violenta pode ser aplicada em diversos contextos, e até mesmo nas conversas do nosso dia a dia.
Com ela desenvolvemos habilidades que nos ajudam a criar famílias e comunidades em torno de uma vida que realmente vale a pena. Além disso, superamos os nossos bloqueios para a compaixão, abrindo espaço para construirmos pontes até o outro, ao invés de muros que nos separem dele.
A CNV amplia nossa consciência de que, no fundo, todos os seres humanos tem sua forma de sentir e de se expressar.
Cada um de nós está apenas tentando honrar seus próprios valores e necessidades. E praticar a Comunicação Não Violenta é enxergar nossa humanidade comum e usar esse poder para entender e valorizar o outro.
Porém, diante de uma situação de conflito ou angústia em relação à outra pessoa, nossa tendência é partir para a defesa ou o ataque.
Um exemplo é quando você se dá conta de que o(a) companheiro(a) deixou os objetos pessoais sobre a mesa da sala e então reclama:
“Amor, você sempre deixa sua pasta e papéis espalhados em cima da mesa! Não aguento mais ver essa bagunça. Arrume isso antes de fazer qualquer outra coisa!”.
Falando desse modo você não vai conseguir que o outro responda bem a essa demanda. Mas se usasse os 4 passos da CNV (Observação, Sentimentos, Necessidades e Pedidos) você conseguiria se expressar com muito mais clareza e gentileza. Assim:
1 – Observação: Identifique os fatos e os pontue para a outra pessoa.
Você poderia dizer: Amor, quando vejo suas coisas em cima da mesa de jantar…”
2 – Sentimentos: Reflita sobre o que exatamente você está sentindo a respeito do que você observou e comunique esses sentimentos.
Você poderia dizer: “Sinto-me irritada porque…”
3 – Necessidades: Perceba qual a necessidade não atendida, a sua ou a do outro, e a esclareça.
Você poderia dizer: “Eu preciso dessa mesa limpa para servir o jantar…”
4 – Pedidos: Peça algo concreto que ajude a resolver a situação.
Você pode dizer: “Você pode me ajudar colocando sua pasta e seus papéis na estante?”
Quando você se comunica dessa forma, o outro sabe exatamente o que você quer e o porquê.
Uma das vantagens da Comunicação Violenta é fazer com que o outro não se sinta julgado, envergonhado ou ameaçado em mudar de comportamento.
Além disso, com a CNV você constrói pontes e se conecta com o coração do outro, tornando a relação muito mais saudável e harmoniosa.
Luíza Lopes é Diretora do INDESP.